sábado, 28 de setembro de 2013

Fuga para o mato em cenário de crise.

Quem sou eu para frustrar os planos de alguém, ainda mais quando o assunto é sobreviver.
Porém, esta pode ser uma escolha ruim se não houver conhecimento ou preparo prévio de quem planeja, e, em muitos casos, significa uma morte mais provável do que se ficar em centros urbanos.

A lista de ameaças que estamos expostos é imensa, vai de violência urbana pura e simples a vírus e bactérias mortais, acidentes naturais ou provocados pelo homem, guerra contra um inimigo estrangeiro ou o que é pior, um conflito civil. Crises financeiras globais, falha na infra estrutura elétrica, crises políticas onde o estado atua contra seus rivais ideológicos ou até um evento cósmico como um impacto de corpo celeste ou uma explosão solar.

Acho que podemos traçar algumas linhas de pensamento lógico e até compor um índice de probabilidades para termos alguma ideia de qual ameaça é mais "possível" ou "provável", mas esta postagem não será hoje. Analises como o efeito colateral destes eventos são ainda mais complexas, por exemplo, mesmo que não sejamos bombardeados diretamente por um ataque nuclear e seus efeitos fiquem restritos a países do norte, como EUA ou Europa, teremos de lidar com uma invasão em larga escala de nosso território, poucos sabem, mas faz parte do trabalho dos militares manter vários estratagemas de ataque preparados, inclusive contra aliados, pois nunca se sabe quando uma merda vai ocorrer.

A comprovação disso é o fato de, em uma avaliação informal (?), especialistas em estratégia militar e membros de um famoso fórum, garantirem que temos a QUINTA melhor tropa de selva do mundo apta a atuar na Amazônia. Parece piada? Perdemos para a França, Estados Unidos, Inglaterra e pasmem, Rússia. Nossa grande vantagem sempre foi o conhecimento do ambiente, e nossos grandes parceiros trataram de correr atrás, Bases americanas na Colômbia, bases nas Guianas e centros de treinamento altamente complexos mantidos pelas SAS britânica e unidades de Elite Russa ( Spetznas) na Venezuela.
 Alguns dos critérios de avaliação dos especialistas, só por curiosidade:
Acesso a Informação local - Todas as 5 forças atuantes tem acesso a nativos, ao ambiente e a seus recursos naturais. ( tem índio nos países vizinhos sabiam?)

Equipamento e treinamento - Entre os 5 melhor avaliados, 4 possuem o que há de melhor em tecnologia de combate moderno, cada um de seus soldados de elite é equipado com itens de ultima geração, de coletes balísticos a botas, inclusive houve uma citação interessante, os russos estão desenvolvendo uma munição específica para maximizar desempenho na floresta amazônica. Claro o país com equipamento obsoleto é o Brasil. Acredite, hoje qualquer praticante de bushcraft ou camping selvagem possui equipamento melhor que o de nossos soldados cujo fardamento é feito na China entre outras "versões" piores de itens primários, como mochilas, tralha de hidratação etc, com a exceção óbvia do equipamento de combate, tem civil brasileiro mais bem paramentado e com mais recursos.

Pesquisa - Em poucos anos, países estrangeiros investiram milhares de milhões em pesquisa na nossa floresta, inclusive em nosso território através de suas ONGs. Os resultados desta exploração fica com eles, é claro, logo, eles conhecem e documentaram muito mais recursos que nós, tanto fármacos quanto alimentares, também documentaram o ciclo de vida das florestas, dos animais e das plantas e chegaram inclusive a criar uma " mini Amazônia" em seus países. É simples, um soldado americano por exemplo, vai receber o mesmo treinamento que o nosso com nativos e uma dose extra de conhecimentos oriundos da pesquisa de seu país, logo, num aperto sério, vai saber mais que um soldado brasileiro.

Experiência - Qualquer atirador num fim de semana da mais tiro que um soldado brasileiro durante toda a sua carreira. Nossas unidades de elite gastam 1,6% da munição gasta em treinamento das unidades de elite gringas. Uma matéria recente mostra que temos munição para meia hora de guerra. TODAS as unidades que foram avaliadas tem experiência em combate ou conflitos. Já nós.. nem avião de traficante podemos derrubar.

Você deve estar se perguntando onde quero chegar e porque esta sucata de exército que temos ainda está numa posição relativamente alta.
O Exercito Brasileiro preparou as nossas florestas para guerra.

Exatamente, estes soldados, muito bem treinados, mesmo com o sucateamento e descaso do governo brasileiro, por conta da estratégia de defesa adotada, são absurdamente letais na floresta.
Se engana quem acha que vão enfrentar diretamente o inimigo. De bobos eles não tem nada, assumiram logo a opção mais barata e no caso de um conflito por lá se tornarão guerrilheiros, melhor dizendo, usarão técnicas de combate assimétrico. Para isso, em diversos pontos da floresta esconderam "BASES" com suprimentos. Você encontrará armas, abrigos, combustíveis, comida, suprimentos médicos, ferramentas, peças de reposição e manutenção e muito mais enterrados sob o manto da floresta. Estes suprimentos podem manter os soldados por muito tempo até que as linhas de suprimento sejam restabelecidas.
Trocando em miúdos, morre muita gente antes que se possa dizer que a floresta tem um novo dono, e isso hoje em dia é no mínimo condenável pela opinião pública, pois todos aprenderam com o Vietnan.

Lá nas forças armadas, bem ou mal estão alocados os maiores especialistas e estudiosos que temos em termo de estratégia e se eles chegaram a conclusão que uma preparação de terreno é necessária para manter outros tantos especialistas em mato vivos e operando por muito tempo, porque você acredita que pode existir só com uma simples mochila na bagagem?

Você não conseguirá transportar todas as ferramentas que irá precisar, nem todos os suprimentos e rações de emergência, e quanto aos itens de medicina ou combustíveis? Este ponto de vista atesta que a mochila de fuga, ou um veículo preparado serve somente para ir e vir de um ponto a outro ou transpor uns poucos dias de privação, e que a grande jogada é ainda planejar bem, escolher um ou mais pontos para servir de base e prepará-lo da melhor maneira.

Segue abaixo um pequeno bando de ideias do que você pode ir deixando  na sua base caso tenha como estratégia fugir para o mato:

Itens de saúde, como bandagens, curativos, talas e faixas, compostos para fazer soro fisiológico, ferver e destilar agua, tesouras, pinças, grampos e agulhas. Enfim, tudo que não é perecível e que só depende de aspectos físicos de armazenamento.

Alimentação, Você pode carregar um kit básico para armadilhas e pesca na sua mochila, mas em sua base está um bom estoque de anzóis, linhas, arames e gatilhos para várias armadilhas. é aqui que você deixa o mel, vinho, aguardente, latas de liofilizado, leite em pó, café, sal, farinha temperada embalada a vácuo e outra infinidade de comidas de longa duração que comporão a sua ração de emergência.

Árvores certas nos lugares certos são um recurso incrível, você pode conseguir frutas, material específico para abrigos, entalhes e construção. Um rápido estudo regional ditará qual animal será atraído a ela, formando assim uma ceva natural e um local óbvio para caça. Além das mudas de árvores frutíferas você pode inserir na floresta ervas repelentes, medicinais e até árvores específicas para corte, já que grandes troncos rendem bons abrigos. O melhor disso é, tudo é naturalmente camuflado e tem sua produção permanente.

Agua, sabe aquela sua panela velha, ou caldeirão usado, ou quem sabe aquele plástico enorme que veio embalando algum produto? Pois é, o lugar deles é escondido no seu refúgio, na hora certa se transformam num incrivel sistema de captação e purificação de agua. Materiais para um filtro também podem ficar guardados esperando a hora de serem usados. Aquela garrafa pet vai encontrar um bom uso e o cloro em pó também.

Ferramentas, nas idas e vindas para seu refúgio, poupe-se do peso dos cabos, você poderá armazenar cabeças de machado, enxadas, enxadões, picaretas e até ir aos poucos levando pinças e martelos para uma forja improvisada, um bom saco de pregos lambuzados em óleo duram muito, bem como arames galvanizados.

Existe um bom motivo para as famílias que vivem isoladas estarem sempre na beira da água e responderem sem pestanejar que o tesouro mais importante que possuem serem os anzóis. Uma nascente bem trabalhada pode formar um laguinho secreto e ser abastecida com pequenos peixes capturados na região, mas um rio sempre será uma ótima rota de fuga.

Sim, existem casos onde pessoas vivem com quase nada, em situação de extrema pobreza por anos isolados em locais inóspitos, mas isso não tem de ser assim. Sobrevivencialistas e preparadores devem partir de um local preparado para outro local preparado, pelo menos estudado com todos seus recursos e meios mapeados. A mesma métrica que faz com que nós tenhamos nossas preparações e reservas hoje (em tempos de paz) deve ser seguida num cenário de crise.

É difícil imaginar toda uma família tipicamente urbana fazendo uma transição tão radical, o que me leva a pensar em idosos, crianças, mulheres grávidas e eventuais feridos, mas experimentar algo aproximado desta estratégia é relativamente fácil para o sobrevivencialista, basta juntar seu grupo e partir para um camping convencional, na pior das hipóteses será uma experiência diferenciada.

Caro leitor, geralmente nos comentários das minhas postagens há muita informação valiosa, espero realmente que continue assim, pois este é um assunto que merece ser lapidado e discutido, já que a aplicação e prática do sobrevivencialismo com ênfase ao ar livre é tão fascinante.


Abraços.

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